Por Nuno Crespo e Nádia Simões, Professores Universitários, no ISCTE – IUL.
O Barómetro do Trabalho Temporário em Portugal é uma iniciativa conjunta da Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego e de Recursos Humanos (APESPE RH) e do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, que assume como propósito nuclear assegurar, numa base mensal, a monitorização da evolução do setor de trabalho temporário em Portugal.
A iniciativa teve o seu ponto de partida – com contactos entre as duas instituições – em 2016, mas apenas no final de 2018 se viria a consolidar, entrando no que pode ser considerado o “ritmo de cruzeiro” atual a partir de 2019. É, pois, o momento, de esboçar uma breve síntese dos seus intentos e conteúdos, objetivo que se almeja com a presente nota.
Tal como especificado no Protocolo de Colaboração celebrado entre as duas instituições, com base na informação – anónima – enviada pelas empresas de trabalho temporário que participam no projeto, a equipa do ISCTE-IUL responsável por este projeto produz todos os meses um relatório de monitorização que permite o acompanhamento das principais tendências registadas no setor.
Sendo facilmente percetível que o trabalho temporário pode funcionar como fator de acomodação de flutuações conjunturais no mercado de trabalho, a evolução registada no índice de trabalho temporário – indicador principal do Barómetro do Trabalho Temporário – pode oferecer importantes pistas de leitura quanto ao posicionamento cíclico da economia portuguesa. Desta forma, o contributo do Barómetro pode ser situado mais além da, só por si relevante, caraterização do setor
O Barómetro conheceu em agosto de 2019 – com dados relativos ao mês anterior – a sua nona edição. No que concerne à sua estrutura, o Barómetro comporta os seguintes elementos:
- Índice de Trabalho Temporário (Índice TT): estabelece a comparação homóloga (ou seja, com igual mês do ano anterior) em termos de número de contratos celebrados. Um valor superior a 1 neste indicador traduz uma situação em que no mês em apreço foram celebrados mais contratos que no mesmo mês do ano anterior. Inversamente, um valor inferior a esse limiar traduz uma redução nas colocações por parte das empresas de trabalho temporário. De modo a proporcionar uma cabal perceção da evolução recente registada, é exposta evidência para o índice TT referente aos últimos 12 meses;
- Índice de vencimentos: compara o total de vencimentos brutos pagos no âmbito das colocações do mês em avaliação com valor análogo correspondente ao mesmo mês do ano anterior. A sua leitura efetua-se de modo similar ao índice TT, pelo que um valor superior a 1 expressa um acréscimo face a período homólogo e um valor inferior a 1 traduz uma redução;
- Análise por género: a título de exemplo, a última edição do Barómetro apontava para um valor de aproximadamente 55% de trabalhadores do género masculino e 45% do género feminino;
- Análise por idade: sendo consideradas várias faixas etárias, é possível consistentemente verificar a predominância das faixas 16-24 anos e 25-29 anos, com um peso relativo total de cerca de 49%;
- Análise por nível de escolaridade: a evidência produzida no decurso de 2019 traduz a preponderância de níveis intermédios de escolaridade;
- Análise por setores de atividade: é igualmente realizada a leitura dos principais setores em que ocorrem as colocações, sendo possível verificar que o setor mais relevante é o de fabricação de componentes e acessórios para veículos automóveis;
- Análise por profissões: neste contexto, a profissão com maior peso corresponde a empregados de aprovisionamento, armazém, de serviços de apoio à produção e transportes.
A equipa do ISCTE-IUL que assume a realização deste projeto encara o Barómetro do Trabalho Temporário em Portugal como uma iniciativa particularmente relevante no âmbito da análise das principais dinâmicas do mercado de trabalho em Portugal e, assim, da evolução da economia portuguesa. Cremos que os progressos já concretizados abrem perspetivas muito favoráveis ao aprofundamento desta parceria de trabalho, sendo possível antever não apenas o aprofundamento da análise do próprio Barómetro como também o desenvolvimento de novas áreas de cooperação.
Uma parceria: